terça-feira, 21 de março de 2017

Cocaína apreendida no porto de Salvador vale mais de R$ 117,6 milhões

O navio, que seguia viagem pela costa brasileira, já havia passado por São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro

Tailane Muniz (tailane.muniz@redebahia.com.br)
Atualizado em 21/03/2017 17:45:44
  

Do - www.correio24horas.com.br - Deveria ser um contêiner com um simples carregamento de pedras, tipo piso, rumo à Antuérpia, na Bélgica, não fosse um único detalhe: 560 kg de cocaína, distribuídos em 21 malas, sobre a carga de assoalho. A droga, que foi apreendida pela Alfândega da Receita Federal (RF), no Porto de Salvador, na manhã desta terça-feira (21), é avaliada em mais de U$$ 39,2 milhões, cerca de R$ 117,6 milhões. Esta é a maior apreensão de drogas já realizada no Terminal Marítimo da capital baiana.

Segundo o delegado da Polícia Federal, Fábio Muniz, responsável pela investigação, a droga, que está dividida em blocos, vai ser periciada. "É provável que seja pasta base da cocaína. Acredita-se que na Europa, 1kg da droga pronta para o consumo seja vendida a 70 mil dólares, por aí você imagina", calcula, acrescentando que, caso seja pasta base, a substância pode ser utilizada para outros fins, podendo valer ainda mais do que os R$ 117,6 milhões. O navio, que seguia viagem pela costa brasileira, já havia passado pelos portos de Santos, em São Paulo; Paranaguá, no Paraná; Navegantes, em Santa Catarina, Rio de Janeiro e Salvador - de onde seguiria viagem para a Europa. De acordo com o superintendente adjunto da RF, Ricardo Machado, a carga  foi considerada suspeita após ser identificada uma divergência nos lacres dos contêineres. "Fizemos uma operação interna dentro do navio, que é de grande porte, e detectamos a divergência nesses instrumentos. Após passar por escaneamento, foi identificada uma carga distinta da que foi declarada à Receita e, ao abrir, encontramos a droga".
Conforme Ricardo, as investigações, que contaram com o apoio do Núcleo Especial de Polícia Marítima da Polícia Federal, se intensificaram depois que R$5 milhões em produtos contrabandeados foram apreendidos no Porto de Salvador, no início deste mês. "Suspeita-se do emprego da técnica criminosa conhecida por 'rip-on/rip-off', quando a droga é inserida em uma carga regular, à revelia tanto de quem envia, quanto de quem recebe", pontuou.
Segundo o delegado, toda carga estava em apenas um contêiner, sobre os pisos, visando facilitar a retirada do material, já na Europa, antes da fiscalização ter acesso ao conteúdo. "O navio passou por alguns portos no Brasil e é possível que a droga tenha sido plantada em qualquer um desses lugares. Estamos ouvindo os policiais envolvidos na operação e os auditores da receita para chegar ao verdadeiro proprietário da droga, que não é o mesmo dono da carga - é como se a droga estivesse pegando uma carona", salientou.
Investigação
A Receita Federal chegou à droga por meio do Gerenciamento de Risco, que é um processo de análise acerca do que foi declarado pelo proprietário. "Há uma norma da Alfândega da RF que determina o escaneamento de todas as importações e exportações. Esta mesma norma garante, porém, o escaneamento dos contêineres a partir de uma seletiva com base no cruzamento dessas informações disponíveis no sistema de exportação. Após o escaneamento, foi detectada a divergência de lacre e de material anunciado", disse Ricardo.
O navio em que a droga foi apreendida tem capacidade para transportar até cinco mil contêineres, de acordo com Machado, que afirmou, ainda, que os lacres de todos os recipientes são colocados no porto. "Esta prática é conhecida por 'rip-on' e 'rip-off', sendo on quando ele abre o contêiner, rompendo o lacre e plantando a carga. O off ocorre já no ponto de chegada, antes que a fiscalização possa ter acesso ao material", explica. E completa. "O crime está sempre lesando o Estado em vários aspectos, o papel da Receita é combater todo tipo de crime".
Conforme a Polícia Federal, há indícios da participação de funcionários de portos no crime. "A gente verificou que houve a adulteração do lacre - o que, a princípio, indica que quem enviou e quem receberia o material não tem conhecimento da droga. Quem, geralmente, atua nesta técnica são os funcionários dos portos, que são aliciados por esses criminosos. Eles têm acesso direto aos recipientes e contato com alguém no exterior", ressaltou Fábio Muniz.  
A Polícia Federal vai instaurar um inquérito para apurar o crime. Até o fechamento desta edição, ninguém havia sido preso. 

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