Aos 89 anos de idade, a maior
tristeza de Everaldo Valadares não é ser cego, mas o esquecimento dos amigos.
Sergipano de nascimento, mas, ilheense de coração. Everaldo
Almeida Valadares nasceu no dia 26 de abril de 1927 na cidade de Boquim,
interior, região sul do estado de Sergipe. Com oito anos seguiu com seus pais
para o Rio de Janeiro, ainda jovem começa a militar na imprensa carioca, dando
os primeiros passos nos jornalismo impresso e na radiodifusão da segunda
capital do país. Lá participou de vários movimentos e reportagens, a exemplo do
golpe militar de 64, o AI-5, sucessões dos Governos Militares, da Junta
Militar, processo ditatorial do Governo Médici, passando pelo Governo Geisel, até
o Governo Figueiredo e, parte de todo o processo de Redemocratização, inclusive
da Lei da Anistia.
Esteve no Maracanã fazendo reportagens para o Jornal O Carioca na cobertura da Final da Copa
do Mundo de Futebol de 1950 e cobriu várias manifestações no eixo-Rio-São Paulo
pelas Diretas Já.
No início dos anos setenta, mudou-se para Salvador. Foi
diretor de programação da Rádio Excelsior. Em 1976, já casado e com três
filhos, vem para Ilhéus, cidade mais tranquila, com o propósito de tocar sua
vida profissional e dá seguimento aos seus projetos.
Em Ilhéus dirigiu a antiga Rádio Jornal, Rádio Cultura e por
fim, a Rádio Santa Cruz, na época de propriedade do ex-prefeito de Itabuna,
Fernando Gomes. Fez programas de rádios em todas as emissoras de Ilhéus, sempre
dando um tom polemico, mas, exercendo sempre com competência e altivez. Ilhéus
tornou a sua cidade de coração, que o acolheu de coração aberto. Em 2006
recebeu o título de cidadão ilheense, numa demonstração de afinidade com a
cidade. A proposição partiu do saudoso vereador, José Fernandes.
Ainda na radiodifusão ilheense, apresentou o Programa Resenha da Cidade, na Rádio
Jornal, que era a coqueluche no município e cidades vizinhas naquela época.
Em Ilhéus fundou o Jornal
Sul Bahia; Jornal em Resumo e o
Jornal o Repórter. Hoje, todos inativos. Na literatura é autor de três
obras: Ilhéus, Hoje - Sem Gabriela, Sem
Cravo e Sem Canela (2006); Eles FAZEM Ilhéus MAIOR (2006) e Crônicas Chulas,
editado em 2008. Todas as obras de Valadares hoje se encontram arquivadas
na Universidade Estadual de Santa Cruz e no Arquivo Municipal da Cidade. No
campo fonográfico, gravou um Cd intitulado Ilhéus
e seus ritmos, que retrata o cotidiano do povo ilheense, através de
crônicas narrativas.
Valadares ocupou o cargo de Secretário de Imprensa da
Prefeitura de Ilhéus, no governo de Antônio Olímpio; Foi fundador e presidente
do PDT, e posteriormente candidato a prefeito na cidade de Ilhéus. Hoje com a saúde
debilitada e cego sobrevive apenas com um salário mínimo que recebe do INSS, sendo
R$ 500 gasta mensalmente com medicamentos. Valadares vive com um filho, à Rua
Argélia, nº 560, no bairro São Francisco, na cidade Ilhéus, isolado por
circunstancias naturais, mas, atento a tudo que vem acontecendo na cidade. Seu
melhor amigo e parceiro tem sido o seu radinho à pilha, marca CCE. Infelizmente
o tempo não perdoa ninguém! A linha do tempo, às vezes, faz o velho Valadares
esquecer pessoas e semblantes.
Valadares vive uma situação difícil,
é preciso que os amigos faça uma visita e veja a realidade, inclusive física do
imóvel onde reside. O Jornal do Radialista (www.jornaldoradialista.com.br) pretende fazer uma campanha de
auxílio em prol de Valadares, e espera contar com o abraço de todos os seus
amigos e ex-colegas de trabalho da imprensa local. Contato: (jornaldoradialista@gmail.com) – 9 8832-9502.
Valadares é cidadão identificado com os mais diversos
segmentos da sociedade ilheense e tem sido personalidade de realce no dia a dia
da imprensa do sul da Bahia. O tempo só não tem forças para apagar o seu
legado!
Combativo e, muitas vezes até mesmo teimoso, sempre manteve e
mantém suas posições e convicções. Sempre teve objetividade e o ‘faro’ da
notícia. Um grapiuna adotivo que na sua militância profissional, em jornal ou
rádio, no Rio de Janeiro ou em Ilhéus, nunca deixou de estar na vanguarda da
discussão dos grandes problemas.
BATE PRONTO. Jornal do
Radialista perguntando e Valadares respondendo:
Elias Reis Reis
*Radialista mais
completo da cidade de Ilhéus?
-Robertinho Scarpita, da Rádio Bahiana
de Ilhéus. Ele sabe buscar a notícia, sabe informar e como informar.
*Jornalista de destaque
em Ilhéus?
-Teve um. Edvaldo
Ribeiro, do antigo Jornal da Manhã. Era super profissional.
*Melhor político de
Ilhéus dos últimos 40 anos?
-Henrique Cardoso. Foi
muito habilidoso. Foi vereador, foi prefeito, deputado Estadual e Deputado
Federal. Só ele teve esse curriculum.
*Melhor diretor de
Rádio em Ilhéus?
-Tony Neto. Era bom no
que fazia. Era justo e deu oportunidade a muitas pessoas.
*Dos Blogs que temos em
Ilhéus, qual o melhor?
-Não sei nada dessa
coisa de internet, mas, o de Marom é o melhor deles, pra mim! Ele escreve e sabe o que está escrevendo, tem objetividade
na notícia e é bem informado. (www.jornalbahiaonline.com.br).
Elias Reis
semanalmente, há anos, visita o amigo jornalista Everaldo Valadares.
*Quem é a maior audiência hoje no rádio ilheense?
-Fica difícil saber.
Todo mundo diz ter a maior audiência.
*Quem foi o melhor
Presidente de Câmara, nos últimos trinta anos?
-Nizam Lima
* E qual o prefeito?
-Antônio Olímpio. Pelo
menos ele fez a cidade crescer. Construindo obras como a Central de
Abastecimento e criando bairros na zona sul.
Melhor diário impresso?
-Sem sombra de dúvidas
foi o Jornal da Manhã. Tinha bons jornalistas. Antônio Domingos, Edvaldo
Ribeiro e Diamantino Correia.
*Ilhéus por Ilhéus?
É a mesma cidade. Uma
grande cidade. O ruim é a administração. Não existe um lugar melhor pra se
viver.
Everaldo conta nos
dedos as pessoas que aparece para visita-lo.
*Futuro?
-O da cidade?
*Não, o seu?
-Caixão e vela. Com
meus 89 anos de idade e cego, o que mais quero?
*Talvez, escrever mais
um livro?
-É difícil, apesar de
já ter um na mente e até ter o título: “Ilhéus, bons e maus”. Minha idade e visão
não permitem mais.
*Quem gostaria que um
dia fosse o prefeito de Ilhéus?
-Rui Tatu. É o cara que
mais conhece Ilhéus e seus problemas.
*Alguma frustação?
-Morrer sem ver um
Brasil Socialista.
*Família?
-Minha família é ótima.
Adoro todos. Dante, Nadja, Dalva Maria, Tânia e Elza. (Essa última já
falecida).
Amigos?
-Muitos. Você, Elias
Reis, é um desses. Posso citar outros: Joabs Ribeiro e o seu saudoso pai, Zé
Ribeiro; O saudoso Ton Lavigne; Gileno do Ponto Chique; Zé Leite, Guido do
Vesúvio; AO; Antônio Lino, Paulo Ganen e tantos outros. Agora conhecidos, são
centenas de milhares.
*Inimigos?
Nenhum. Tenho
adversários políticos.
*Por último, quando
perguntado sobre religião, afirmou que as igrejas são todas supermercados da
fé. E ainda ceticamente bradou: “Eu não creio em Deus”.
Sua resposta veio seguida de uma frase impactante do filósofo
francês, Voltaire:
“Deus
não criou o homem. O homem foi quem criou Deus”!
RETRATO DO ABANDONO!
SEGUNDO O JORNAL DO RADIALISTA APUROU, quase ninguém o
visita, PRINCIPALMENTE OS COMPANHEIROS DA IMPRENSA ILHEENSE, os militantes do
PDT e muito menos os amigos políticos e homens públicos que tanto Everaldo
ajudou.
10/07/2016.
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